Nem sequer o último episódio de Lost gerou tanta comoção entre os telespectadores de todo o mundo - e olhe que Lost foi um dos fenômenos mais visitados da TV internacional. Falo aqui do penúltimo capítulo da terceira temporada de Game of Thrones, The Rain of Castamere, no qual o Red Wedding (casamento vermelho) finalmente escancara o sadismo de George R.R. Martin (gênio). Nele, a família Frey, liderada pelo patriarca Walder, é responsável pela chacina dos Stark e aliados. A começar pelo Rei do Norte, Robb, sua esposa grávida e mãe, Catelyn. Em uma única cena, três dos personagens mais queridos do público foram embora.
Mais chocante do que o fato propriamente dito, foi a cena de 15 minutos transmitida pela HBO no último domingo. Muitas facas, flechas e sangue. O desespero de Catelyn ao ver seu primogenito ser flechado e não ter saída foi dolorido. As facadas na barriga que carregava o herdeiro dos Stark também foi golpe baixo. Nem o lobo saiu ileso da matança. Aliás, a exibição do animal morto será a maior prova de que os donos do Norte foram massacrados.
Reação da galera pelo mundo
Numa análise bem reducionista, os Stark são os bonzinhos da história. É a família que tem princípios, valores e toma suas decisões baseadas na ética. No meio de tanto mau-caratismo, eles cativam o público. No entanto, eles são os personagens mais sofridos, que mais levam revés, o que só atrai mais carinho sobre os Stark.
Em entrevista a um programa de auditório dos Estados Unidos, George Martin explicou que nos filmes os heróis geralmente são encurralados, mas todos ficam tranquilos porque no final eles serão salvos. Ele, por outro lado, não quer esse sentimento "conformista" para os seus leitores. "Quando algum personagem entra em perigo ele pode realmente se dar mal, podendo até morrer em situações mais periogosas. Essa é a vida real. Quero que meu leitor tenha medo de virar a página", revelou.
Bem, Robb e Catelyn morreram e Arya, que chegou tão perto de "casa", ficou sem teto, chão e destino mais uma vez. Ela, que permanece na história, me preocupa mais do que os que se foram. Vale lembrar para aqueles que pensam em desistir do programa, que a história é longa e ainda é outono em Westeros.
Diante de tanto sofrimento, passou despercebido o poder de Danaryes nas terras do leste e a fuga de Jon Snow. Consequentemente a morte de Ygritte (fato que pode desencadear numa reviravolta no núcleo dos homens que ventem preto). Além disso, bateu um desespero ao perceber que Snow e Bran estavam tão perto e não se encontraram. Nos livros, essa noção geográfica é mais peceptível e dá muita agonia. Esses quase encontros são constantes e nunca se concretizam, mais um sinal do sadismo de Martin.
Bem, o moradores dos Sete Reinos de Game of Thrones são cruéis. Não perdoam. Vacilou, tem de pagar. O preço pode ser dinheiro, tortura, uma mão ou até a vida. Que o diga Ned Stark. É bem a filosofia do "no half measure" (sem meias medidas) de Breaking Bad. Robb traiu o principal aliado, a família Frey. Uma traição que não teria voltar. Um casamento não é lá um passeio na esquina. Os Stark subestimaram o poder dos Frey e tiveram de pagar por isso. A espera foi longa. Tempo suficiente para Robb casar, fazer um filho e deslumbrar uma felicidade temporária.